terça-feira, 30 de setembro de 2008

Uma vez fechados os olhos
O invisível
O invejável
Apura os meus sentidos
Concretizando na água
Sua flexibilidade incrível
Dotada de tantos sabores

Deixo escorrer pelos lábios
Faço inundar o meu ser de felicidade
Mineral mais precioso à tudo de tudo
Sacio-me por poucos instantes

Retorna ela após
E só água me prende
Mas infinita não a água
Saciará por pouco tempo
Resta pois para me preencher
Água

Sei que o que vi
Era límpido e claro
Nítido e evidente

Sei do que vi mais do que claro
Era límpido e evidente
Perfeitamente nítido

Era a Luz de Afrodite
Paz celestial
Feita perfeita por vós
A fêmea sagrada no amor

Flor da primavera e da vida
Iluminai-nos com sua magnitude

A ti cantaremos
Nossos hinos mais belos
Louvaremos tuas glórias
Ó pureza natural

Acreditemos em nossas batalhas
Pois ao nosso lado está Venus

Sua luz não há igual
Vimos aquilo acontecer de novo

São pedaços tão pequenos
Que não damos conta deles
Aos olhos são invisíveis

Ó deuses gregos e romanos
Das forças da natureza e dos sentimentos
Venho vos pedir ainda além de vossa paciência
Colaboração para que eu possa alcançar
Tão sonhada inspiração

Ontem eu vi duas estrelas cadentes
A lua estava crescente
O céu parcialmente
De nuvens fechado estava

Três cambaxirras cantavam na varanda
Um morcego deu seu último sorrateiro vôo
O sol atrevido já raiara
Dissipando a noite
Que satisfeita foi-se embora descontraída
A lua se esgueirava inconformada
Mas a manhã já se seguia disparada
Daqui e de lá saíam mais e mais pessoas sujeitas à tudo
Indivíduos individualmente inconformados
Para todos os lados

Daquele amor delicado
Nascido num sorriso
A moldura de lábios
Enfeitados como estavam
Não poderiam despertar outra coisa
Assim começara o

Quando a flor está prestes a eclodir
Despertar a um novo universo
De cor partindo de dentro
Do seu invólucro natural
Nascem crescem se reproduzem e morrem
Assim são as plantas
O mais básico a saber delas
Sentem tudo a sua volta
Encantadas pela luz
Água é tudo que precisam
Estando em solo fértil
Sementes dão bons frutos

O barco sulcava o rio
As ondas balanceavam
O remo ia lento escorria
A água se fazia firme
Apesar das incessantes investidas
Que faziam o remo na água

Dia sim dia sim
Não olho no calendário
Mas toda hora olho o relógio
E o dia não passa
Não tenho pressa agora
Deito-me no sofá relaxo
Vou pro quarto não quero dormir
Espero confio
Desafio só um fio de esperança que me dê corda
Esperando que dê a hora
Subo correndo as escadas
Prefiro não usar o elevador
Cheguei de ônibus bem rápido
Acho que estou me sentindo mal
Me parece muito estranho
Isso assim repentino

Quando cuida de você experimenta
Novas situações diversas
Cresce
Trona pleno
Justifica a existência
Ciência da vida é usar a cabeça
Uma vez que seja
Para que seja única
Porém forte
A existência plena da vida
Diversificadas experiências crescentes
Justificativas suas por cuidar
Daquilo que te faz bem

Do dia, a luz brilha
Todas as manhãs

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Cantei hoje cedo
E nem mesmo era dia
Aos cervos do monte
Às nascentes dos rios

Cantaram de volta
O vento e as rosas
As saias o fraque
O vinho e as uvas

Sabiam de tudo
E cantaram comigo
Solfejando esses versos
Dando-me abrigo

domingo, 28 de setembro de 2008

Dentro da máquina andante
Parado no tráfego de vias
Que entupidas pedem socorro

Está cheio e cada espaço é disputado
As janelas fechadas e a chuva lá fora
Ninguém quer ficar na rua todos querem ir pra casa

Recompensa animadora renovando o percurso
Impreciso dizer o que cada um espera
As gotas escorrem lavando as janelas

Nas pistas despistam com os carros
Os para - todos lotados de gente
Depois de um dia de trabalho suado

Correm e param pedindo caminho
Seu lar ponto final onde possam recolher-se
Lavar seu corpo de um dia acabado

sábado, 27 de setembro de 2008

Cheguei de mansinho
Dava pra escutar sua respiração
Não entendo porque venho aqui
Se não tenho a cor de seus olhos

E a cada olhar desviado
Mais a quero por perto
Ó mia senhor’ velida
Peço-te um carinho delicado

Realização de um desejo
Deitado em seus cabelos perfumados
Aumentado o desprezo
Morro em seus braços

Formosa em suas prendas
Dedicada a seus amores
Concentrada em seus deveres
Poderosa em seus louvores

Voz suave que me toca
Seu nome não ouso dizer
Velar-te por cortesia
É o que posso fazer

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Eu vi e posso dizer
A garça suja
Com os pés na lama

Do esgoto retirava com o bico turvo
Da água, que de pouco água tinha
Algum material orgânico infecto

Podia a cidade nutrir melhor a sua natureza

Ela deu mais um passo em direção ao limo
Ao lodo do poço de lixo
E meteu mais uma vez o bico na água

Os seus pés, já nas canelas, enfiados
Sem o menor nojo
E a sua sobrevivência dependia disso

Há várias delas que voam felizes pelos valões
Corrompidas pela marginalidade dos rios
Afinal o que fazem aqui

Não podem ir pra outro lugar

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

É um ano perdido
Um dia longe de você
Os acontecimentos de uma vida
Por não saber o que poderia ter sido

Leio os caminhos
Onde eu preciso estar
As curvas onde eu me encontro
Posições perfeitas que eu reconheço

Os meus olhares
Atravessam sua estrutura
Compreendendo as fissuras
Permitindo a entrada em sua história

Todos os cantos
E ecos do seu espírito
Cada passo dado dentro dela
Toda emoção que já viveu e viverá

Como desperdiçar
Um minuto em ausência
Da explicação do desconhecido
E perder essa demonstração do amor

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O costume atrevido
Da pele almejada que arrepia vulcânica
Arrebenta o controle

E os pelos delicados
Dispersos ouriçados
Tremendo

Revelam suspiros doces
Descompassados e febris
De tremenda urgência

Saltitante e frenética
No peito de um cavalo livre
Fugindo do deserto

E o vento cortante
Dilacera em desejo
O frio inverso

Travado
Tomando conta de todo lugar
Se espalhando sem pudor sem limites

Destemido
Concentrado
Cometido

Acariciando
Um pedido
De toque

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Variam várias variações variadas
Derivadas das derivações encantadas
Dos devaneios do pensamento

Distrações das trações repetidas
Nos complementos
Prefixos infixos sufixos
Complexos repletos de entendimento

Reparo
Reflito
Preparo
Completo

Um acento
Um detalhe
Apago e começo de novo

domingo, 21 de setembro de 2008

De que se valem
A beleza e o amor à mim
Se deles pouco
E quase nunca desfruto

Pois é na esperança e no receio
Que é morada da conquista
Desconhecido limiar do desfecho concreto
Que mede o destino no fio da vida

Incrível prazer
Despercebido em sua essência
Recolhido em todo e qualquer
Simples dia do ser na terra

Singelo e carente
Do feito da mente
Realizado e presente
Lembrado e vivido

Bem perto de dentro
De tudo que é possível imaginar
Onde a realização é verdade sentida por fora

E o limite entre o irreal
Diminui a distância
De ser compreendido

sábado, 20 de setembro de 2008

Adormeci dominado pelo sonho
Sonhei que voava sem rumo
E meu rastro entre as nuvens

Deslizei subindo vagarosamente
Vagando displicente entre os mundos
Montando a cidade em pedaços

Vi os detalhes das telhas nos telhados
E as antenas balançando no tempo
Na velocidade ia deixando os lamentos

No rosto as rajadas de vento
Atenuando o calor do corpo inteiro
E o desconcerto do mundo acontecendo

Disfarço mas meus olhos não mentem
E o lirismo das lágrimas descendo
Quando enfim consigo acordar

Suado e sofrido tremendo na cama
O alívio branco disciplinou o delírio
E deitado mantive os meus olhos fechados

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Havia um homem
Solitário no ponto
Parado aguardando
O ônibus ansioso

Na chuva esperava
Calado e sozinho
Sonhando com a vida
E com os mimos de casa

Sem casaco observava
As nuvens obscurecidas
Cinzas da água
Gelada lá em cima

Caindo sem pena
Sobre os seus ombros
Não sei
Há quanto tempo esteve ali

Talvez pouco
E à chuva forte
Já não mais se importava
Em enxugar o rosto

A água do alto
Lavava o seu corpo
Todo ensopado
Já nem se mexia

De braços cruzados
Carente repetia para si
Nada me atingi
Não é hora de desistir

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sede água deseja
A boca a carne o sangue
O luxo da vida na fonte
Nascente refresca e lava

Fluxo doce límpido
A riqueza mais preciosa
De você tudo preciso
Não existe viver sem ti

Se eu pudesse não sofrer
Por sua falta água
Divindade magnânima
Sublime é te possuir

Apazigua o calor
Apaga o fogo
Abranda o desejo
Mata a sede

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Grafe a sua percepção
Com desenhos em grafite ou tinta
Os estará materializando

Transformar os sons em desenhos
Imagens visuais em
Imaginações sonoras

E depois revertê-las
Re-ver-tê-las
Rever tê-las retê-las

Cada pedaço cada sentença
Cada mudança
Toda relevância

O som não é matéria e
Toda vibração percebida
Desencadeia uma sensação

Toda palavra mal dita
Só ganha essa força
Com a expressão

Tudo é dotado de significado
Sempre há começo meio
Final

Sons que significam
Signos que ficam
Palavras que mudam de forma

Sentidos que dão à estação
Sinais que diferem sentidos
Visando a compreensão