domingo, 25 de janeiro de 2009

Quis fazer de ímpeto
Controlei o hábito
Arrisquei da base
Estabeleci a queda

E o meu cavalo
Partiu-se arriba
Trovou no monte
Apontou na mira

Estabilizei o alvo
Mirei à frente
Numa corrida
Num campo alto

Contornamos ao passo
Dobramos às nuvens
Atravessamos curvas
Conquistamos o espaço

Domei-o com uma faixa branca
No meio do voo azul às alturas
Galopei como montado no vento
Estrelas se enlaçavam em meu cabelo

Tínhamos o máximo
Das proporções que alcançamos
Voltamos tão rápido
Pareceu-me um estalo

Em nosso passeio
Vivi em muitos eus
Experimentei sensações
Compreendi além de mim

Toda a minha linguagem
Não há de expressar
Tamanha vontade
De poder voltar

sábado, 24 de janeiro de 2009

Tonteei com a desfeita
Que há nesse mundo
Ingratidão gratuita
E falta de consideração

Interesses exclusos
E acomodação
Desinteresse ao próximo
E trapaça de montão

Neca de vergonha na cara
Pacas de malandragem barata
Renúncia na hora da precisão
Vacilo enfraquecimento e hesitação

Na hora que tá tudo bom
O pé firme do seu lado
Se aparece algo melhor
Dê adeus a seu aliado

Tá desfeito o nosso trato
Nunca houve um pacto
O desfeito descumprido
Conflitou os interesses

Sempre querendo vantagem
Inventando a deus-dará
Fácil tirar proveito
Fácil-fácil

Se entregando de cabeça
Sem pensar às consequências
Entrando água o tempo inteiro
E vai levando essa canoa furada

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Disfarcei quando vi
As caveiras andando
Nas ruas e nos cerros
No porto e nas ladeiras

Ascensores carregando
Os passantes para o alto
Movimentando as subidas
Levando as vidas aos saltos

Sobre os morros relevantes
Casitas enfeitadas e coloridas
Reluzem seu brilho sob a noite
Nas ruas com seu fluxo constante

O paraíso e um vinhedo a beira mar
Continuando em belas praias pacíficas
De encontro ao mundo em direção do oeste
E o sol vai se findando se afundando no oceano

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Vagou pelo escuro
Piscou o seu lume
Desconfio de longe
Ouço tiros no fundo

Ainda me resta
Um pátio de terra
Um palmo de vida
Na vasta cidade

Meu bairro é distinto
Algo incomparável
De dia o caragaio
À noite um abrigo

O calor das praias
Um corpo feminino
O gelo da água
Pra acalmar o desejo

Aclamando o direito
De sentir-me confortável
Desconstruindo o incrível
Simplificando o provável

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Satisfeito do voo e afastando-se da cidade
Tão rápido decola acelerando e descolando
O chão ficado pra trás rumando ao cosmos
Foi-se um desejo revelado enfim realizado

Concretizou-se do concreto no puro cobre
Aprofundou os limites dos povos alocados
Afunilou os poderes de quem faz e recebe
É contrário e disforme o esquisito recinto

Conflitando com opulência e sofreguidão
Defrontei-me com populações e os campos
Versei com senhoras, mendigos e crianças
Igual à mim diversas recordações ficaram

Lembranças em outras muitas semelhanças
Distancias desconhecidas apresentando-se
Aos olhos mais curiosos apegando-se no ato
Decorre ao toque o ritmo desse vasto mundo

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Caiu a noite de uma vez
O dia desapareceu

Escondeu-se entre as montanhas
Dando trégua pras alturas

Refletindo inconformado
Foi-se pago
Como um raio

Nem de perto
Lá se via

Atrás das forças divinas
Dos terrenos da terra

Nos caminhos sinuosos
Desfilando olhando o rio
Que se entroncam vantajosos

Depois de um curto túnel
Antiga passagem da morte

Nas novas estradas lisas
Na terra seguindo traçado

Um grande vale e lindos rios
O rico verde amenizante
O seco ar cortante

E longe afronte
Vai-se fácil à cerca da água

Onde se pode tocá-la
Gelada inconquistável

Coragem pra enfrentá-la
Desafio do despenhadeiro
Despencando das montanhas

Esculpindo um largo traço
Das nuvens oferecido

Sobre o lindo terraço
O vulcão escondido

Pontes conectando
Ao outro lado do que vimos
Puseram-se a luz e as sombras

Deram lugar as estrelas
Espalhadas lá no alto

Muito distantes de mim
Aqui na face com olhos

Um brilho que começa forte
Não quer desfalecer
Fulgurante no entardecer

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Postulou-se severina a relva amarilha
Amarelou no descampado desértico
Cheio de vida a camomila amarela
Flor pequenina redonda e macia

Seca desmonta como poeira bem dita
No canalete que passa cortado no cerro
Secado o rio regados os pastos
O sol pra mais tarde ficando atrasado

Na noite esfriada de repente um repente
Cortando com o vento um assobio silvante
Se o vil é constante deixe-o parar no tempo
Na água corrente desprende o culpado

Amarrado na rama descendo seguro
Subindo correndo alcançando o cume
Esperando o verdume após o frio e a neve
Passado o presente aceitado o regalo

Lua cheia lista llena fascinante
Despertando com as cores das uvas
Inundando com seu sumo a cabeça
A guapa varrida e a cara de caña

Acordado o costume diverso
Acostumando a falta de saudade
No meio daquele vale só
Rola umas pedras nas águas

Dos livros mais belos surgiram
Estórias tão sempre contadas
Resquícios do mundo e das vidas
Iguais e diversificadas

Proibições e distrações
Amigavelmente convivendo
Aprendendo e se reconhecendo
Constantemente revivendo

Riqueza que encanta docemente
Alimenta os arredores terrestres
Assistindo os córregos passarelando
Confiante ao destino encurralante

Somente um caminho à seguir
Deslizando suave contínuo
No ouvido um sussurro silvestre
Compassando delirante entre a mata

domingo, 4 de janeiro de 2009

Uma despedida
Um reencontro
Como partida e chegada
Vezes é imprevisível

Um imprevisto
Um contratempo
Reunião
Como a de um círculo
Só há duas pontas
Quando é partido

E pelo vidro
Vou vendo a distância se ampliar
Sem iniciar
Não há aonde chegar

Sei que isso tudo é incerto
E ao certo não posso dizer
O que virá de acontecer

Sem medo de correr riscos
Riscos vão-se fazendo
Com a velocidade
Que o tempo passa

sábado, 3 de janeiro de 2009

Hoje pensei no fogo
Ele não foi inventado
Porém nos foi revelado

Precisou ser dominado
Pois ainda só acontece
Sob ocasiões específicas

Incendiou minhas idéias
Raciocínios deflagrando
Irradiando uma nova cor
Emanando e acolhendo

Além do vermelho calor
Muitas cores invisíveis
Íris do globo perceptível
Tiritando em combustão

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Sonhar é uma planta
Numa terra só de árvores
As cercanias das colinas soam ventos
Que sobem pelos nossos cabelos

Da flor o fruto um sonho intenso
Unicamente
Acomete
Levando-te num cometa
Alucinante
Sem retorno

Mas aqui no reino da terra
As plantas não pensam
E há quem diga que não sintam

Os animais comem uns aos outros
Os racionais tentam frutificar a terra
E colher sabedoria

Fazendo com amor
O que é tão natural
Físico

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Constatando depois de anos
Que depois de roda
O escrever superou todas as conquistas
De cada vez que me encanto em falar
Muitos diferentes alfabetos me faz pensar
E em toda parte que eu reflito
Me faz calar
O que são sentimentos
Ao menos falar menos
Simplesmente simples
Os encontros
Dissonantes
Dissolvidos
Permeados
Passaredos
Viagens
Paisagens
Conquistas
Menos eu quero falar só sentir
Rios
Pedras
Mares
Folhas
Raízes
Flores
Peixes
Luas
Venus
E falar menos não quer dizer nunca falar
Dizer sem sentir pode ser perigoso
Sentir sem contar
Sem palavras também
Sons resultantes
fFenómenos inconstantes
Mudando numa lógica longínqua
Postulada desde sempre