sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Está você deixando?
Deitará ou mentirá?
Deitarei ou mentirei?
Está planejando?
Estará você ficando?
Estará tendo?
Está você pensando?
Eu acharei?
Amará ou amarei?
Estarei trabalhando?
Falará ou falarei?
Hei de falar com vocês.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Estava eu
Quieto em meu canto
A dedicar muita atenção a nada
Como quem queira
Solfejar o ar
Parti-me em direção ao infinito

Pousei-me
Perto de um zimbório
De um monte perto do invisível
Desci
Nos mais abissais bosques
Perdi-me longe com um fio de lã

Voei
Nas asas de uns passarinhos
Senti penas cortar como navalhas
O ar
Vestia-se de gotas enfadadas
Passantes em turbilhão de passos

Condados
Que entortam as retinas
Restando apenas de museus ideais
Doces vagas lembranças
Que ainda
Encontro quando vago nos umbrais

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Cabelos perfumados
E desarrumados
Detalhes disfarsados
Para se despir

Carinhos descontrolados
Não preciso lhe pedir
Atalhos em que seus domínios
Os desconheço

terça-feira, 18 de novembro de 2008

.........ver.....
...escrever.....
.......viver.....
.........verdade.
.........vertigem

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Não basta ser sensível
Necessita-se ser forte
É preciso sofrer
E necessário lutar

Acertar o azul-vitória
Sem olhar para o céu
Levar pegadas de nuvens
Deixar as marcas no chão

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Escreveu com um tijolo na parede
Era um professor

Escreveu com um esprei na parede
Era um menino

A parede não foi quem bloqueou algo
Uma janela estava aberta na textura

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Solstício
Passaste
Suplício
Começaste

Numa haste
Eu me ergo
E dos erros levanto

Pois começa de novo
Espantando a poeira
Esse vai se acabando
Mas lá vem outro ano

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Tuas feições
Olhos apertados
Lábios se encontrando
Corpo esguio e arredio
Ardiloso e tal qual armadilha
Me pega sempre nas surpresas
Fugindo correndo escondendo o rosto

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Que isso
Nem pensar
Afasta
Nada a ver

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A motivação pra viver feliz e sorrindo
Sempre tem que vir de dentro de você, e
Não tem que estar em mais ninguém senão você

Nós temos que tornar cada vez mais raro
Maus-pensamentos
Pensar positivo
E jamais esquecer
O que dá sentido à vida

Trabalhar pra libertar essa força
Escondida, que está em nós

E velada se movendo por si só
Em todas as coisas que se criam
E que nós pouco percebemos

Pois está muito além
Dos mundos nanoscópicos
E em todas as camadas
De todas as dimensões
Mas nós pouco sentimos

Uma força velada
Mas poderosa
Ninguém sabe o quanto
Ela pode nos mover

Inexplicável em sua primazia
Como a fé verdadeira
Que tudo move
Que não conhece
Dificuldade ou desistência

Com a colaboração de Danilo Julião.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O estrondo foi tão forte e demasiadamente alto como se o próprio demo o tivesse provocado em plena tarde de um dia claro.

Uma movimentação logo da esquina podia-se avistar, tamanho era o contingente.

Não longe dali construíam uma enorme avenida onde passariam mais de cem carros.

Um horizonte tão largo onde se tinha uma bela visão das chaminés das fábricas, há pouco tempo, ao fundo instaladas.

Vários outros casarios eu já vira serem demolidos para que as modernas edificações surgissem, porém o velho prédio que possuía muitos escritórios e onde funcionara um antigo grupo de advogados viera abaixo com o artifício de algo chamado dinamite.

O calor inundou meus pulmões, e a poeira e a fumaça eram engolidos inevitavelmente.

Desejei não estar ali, não gostaria que acontecesse aquilo.

Lembro-me das vezes em que tomo café simples na esquina oposta, onde funciona uma confeitaria famosa por suas tortas, receitas repassadas pela família há anos, toda a matéria prima preparada cuidadosamente.

Observava as secretárias em seus casacos à russa e seus saltos pontiagudos passando pelas ruas e calçamentos esburacados, fugindo dos olhares dos operários e tendo que desviar das poças que ainda ali recolhidas pela chuva refletiam os sobrados.

Enchia-me de culpa por esse desejo de preservar a eternidade como ela era. Meu peito queima.



As novas formas que vão surgindo me seduzem instantaneamente, mas se alinham com o mal.

A poeira rodopiante inebria desastrosamente como um feitiço asqueroso tecido especialmente forrado sob a desonra nas esquinas e nos becos e para as baratas.

Somente dando um gostinho ao acostumar a pouco da beberagem que provoca a todos a paixão mais avassaladora.



Consumiu-me em puro tédio, distante, num lugar muito árido e cada vez mais quente ao dia e frígido durante a noite. Bem no meio da multidão estou abandonado.

Ninguém mais parece pensar em Deus.

Relembro o velho caminho que fazíamos até a fazenda do mais velho irmão de meu falecido avô.

Sinto-me agora por entre os excluídos, dormindo entre as latrinas, me escondendo do vento nas galerias, pedindo comida na porta noturna dos recém-inaugurados restaurantes daquela nova avenida que contorna ao longo o museu.

Estou sufocado e extremamente cansado disso tudo.



Perante a renovação nada fica de pé.

Alastra-se como o gás das lâmpadas que recentemente iluminam algumas poucas ruas, mas a luz não se espalha como a destruição.

Essa confusão tomou conta de toda a cidade.

Maquinas.

Correria.

Aglomeração.

Ainda restaram alguns transeuntes da honrosa turba que só agora se dissipava e que como feridas abertas pela sociedade se escondiam atrás de farrapos imundos depois do desvio de atenção promovido pela modernidade.

Senti saudades.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Forma
Num corpo brilhante
Complacente
Num filtro
Luzente
Cativante
Parte do meu coração

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Ter inspiração
Por coisas exclusas
Obscuras, obtusas
Mendigos
Prostitutas
Vêem tudo
Mudar
E nada
Podem
Fazer

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Eu quero ver o dia
Ainda muitas vezes
Posso estar enganado
Pois a noite é um fardo

Já fui boêmio faceiro
Cantador e violeiro
Gaiato das esquinas
E praças escuras

De gente deserta
De conforto instável
Do belo limite grotesco
Ao baixo sublime expor

Gostava de ser quem era
E hoje ainda sou melhor
Cada sol que nasce novo
Eu ganho uma renovação

Da noite só a lua branca
Ainda só dela sinto falta
São os raios helíacos fogo
Do outro lado daqui é dia

Só uma valsa o que tenho
Acordando mais energia
Quando cedo desperto
A tenho muito por pouco

Isso é um alento divino
Absorvo contente confiante
Obstinado cada dia avante
Avisto ao longe o horizonte

Pois eu cavaleiro andante
Descobridor de caminhos
Não posso estar parado
Não posso perder desafios

Quero entrar nessa cidade
Não vejo portas abertas
Dou voltas e investidas
Mas não descobri entrada

Em secreto lugar sagrado
Onde poso o meu cajado
Desejoso objetivo portal
Outra dimensão alcançada

Avançou floresta encantada
Consagrou o medo de antes
Desvendou todo o mistério
Daquele caminho sinuoso

As ondas batem no costão
Com uma delicada violência
Voltam as ondas nos rochedos
Ao vento a água se espalha

De novo assim repete a maré
De novo aí repete aí de novo
Assim embora se saiba por quê
Nunca supôs ser capaz de parar

Soube dar valor ao destino
Recebi tudo como benção
Penso que cada contratempo
Fosse um passo na jornada

Agora encontrado aqui meu abrigo
Como poderia renegar esse afago
Um bom colo um vinho um mimo
Castanhos lindos olhos femininos

Sei que o que sei é o agora e nada mais
Interminável percurso uma linha na rota
Fagulha indecifrável que abre as cortinas
Quase nunca o horizonte é uma reta plana

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

It is impossible believe
If you don’t have beliefs
What will you find as relief
How do you think is face quiet

Each day of life is fight
Each light on life is might
Could it show us more than the eye
Stars in the black sky of a small town

The little bee drinking the flower
Kith and kin at their big party
The garden flooded with perfume
Joy of the children smiling

The dirt road of must get along
The small places we can rest
Where giving up is more than win
Where the feeling becomes too real

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Qu’est-ce que vous pensez à la vie
Qu’est-ce que vous pensez à le monde
Pourquoi les personnes naissent
Pourquoi les personnes meurent

Quelles sont tes feuilletons préférées
Où vous avez perdu votre portefeuille
Quelles sont les chemins
Qui vous aimez passer

Est-ce que vous avez trouvé tes clées
Comment a été à l’école
À cause de quoi vous êtes comme ça
Si vous etiez bien

Laissez passer
Mettez ça de l’autre côté
Il a déjà dix minutes de retard
Le temps passe très vite

L’été est déjà fini
La douleur est déjà passée
Passons a autre chose
Passez une bonne nuit

Bonne continuation
Ce qui est fait est fait
La paisson n’a pas raison
Il faut comprendre

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Abertura para o infinito
Não fui capaz de achar
Encontrei só lá perdição
Apenas passos sem rumo

Quando olho para o lado
Só vejo riscos coloridos
Ainda agora ostentei saber
Mas de qual valia seria ver

Preciso estar lá e sentir
Da beira do abismo convir
A impossibilidade convicta
Passivo pois do contemplar

Contentar-me em só olhar
Lá então deleite a repousar
Estrada labirinto confuso
Prismas radiantes confluentes

Lá estive eu e como queria
Não pude se quer alcançar
Sei que insisto convincente
Pois sofri efeito impactante

Nem ao menos aproveitei
E desta vez tremeu profundo
Ondas vieram nada afetou
O segredo não se decifrou

Brotaram entre montanhas
Flores em excesso de cor
Perfume estonteante calor
Sensível textura inspirada

Cantei luzes para as sombras
E aos poucos se iluminavam
Devolviam compaixão clara
Devotada de alegria vivida

Pura existência pede descanso
Abandonar a vida em heroísmo
Beber da fontana da juventude
Fonte onde corre água divina

terça-feira, 21 de outubro de 2008

If you can touch here
The beauty of a woman
You will know nothing

And so clearly
It will stop you
She can taste you
That’s what she does

Maybe you want to go
Here nobody find home
Straight to the sea
Around everything
Between the places

All the chances
Of get one’s own back
A dip in the spring

You even could reach it up
Being as the water
Doing like this

And the warm wind
Seek the fresh water
She came down the hills
Her basin filled of water

Hot as the day and the sun
Exposed to the gleam overjoyed
By the light of the impression
If you feel as in heaven
What could it be bad

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Je voudrais vous tenir
Par la main dans mes bras
Vous tenir vous garder
Tenir un plat au chaud

Parce que cette promesse
Se tiendrai nous verrons
Dans des expression tiens
La neige n'a pas tenu

Je vais tenir debout
Parce que
Tu ne tiens plus debout

Si vous ne tenez rien à rien
Si vous ne tenez pas à quelqu'un
Et vous tenez à faire comme ça

Qu'est-ce que je peux faire
Vous ne tiendrez plus de belle
Il fait très beau aujourd'hui
Et rien peux déranger ou ennuyer

Il a beau essayer tous les jours
L'eau ne s'arrête pas de tomber
C'est du beau travail
C'est un beau jour

Je trouve votre visage
La face d'un polyèdre
Solide limité pour affronter
De toutes parts par
Des polygones plans

À la surface incomptable
Il va s'accrocher
Il est sur le point de se tenir
Face à face sur la réalité
À la surface de la terre

domingo, 19 de outubro de 2008

What is more important than life
What could it be now
Where could it come from
How come just here

Life comes suddenly
And the same way it goes
It has gone like some feelings
That changed their form

They say it could be more
Life can not die
Because life is just a flash
Impossible die without it

What could be more than life
And feelings what are they
Meanings, corpses, past
Thoughts, death, present

And now comes
What are you waiting for
Sometimes it rains
Another it shies

And ever again
We can not master it
We should live like the tide
But we can always use an oar

sábado, 18 de outubro de 2008

J'ai besoin d'écrire parce que le soir a changé
Les choses du monde ont appelé mes nuages
Mes films d'héros mes deserts
Seulement une chanson une contrainte
Un vrai chemin pour suivre
Comment faire le choix
Pourquoi choisir
Les mondes sont dynamiques
Les joints sont contrastées
Qu'est-ce que faire pour comprendre
Les leçons de cette vie
À que nous sommes liés
Les passions des fleurs
Des couleurs
Des aromes
Des amours

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Pra vestir
Depende do tempo
Gosto de sair como quero (mas tento)

Por causa do vento
Busco um agasalho
O sol não saiu como planejado (pois ele tá lá parado)

Se for pr’ um emprego
Porto-me bem-apessoado
Pra aumentar as chances de ser chamado

Se é noite ou é dia
Carece uma roupa
Polidamente escolhida (e não ouse sair sem as suas)

Os dias de sol como queira
Chinelo sandália alpercata (como gosto)
Mas nunca sapato na areia

E se o tempo muda e vira
Corre ou corra
Lá vai mais uma peça de roupa

Moletom pra uma corrida
E pra sair mais tarde
Uma beca arrumada na medida

Falam com o tempo os vestidos e saias
E juntos da chuva refrescam os ânimos
Num dia quente como todo dia é

Pois quando é chuva
Fria e gelada de vento
Só um casaco aquecido a ferro (e um chocolate quente)

E assim cada dia
Ocasião ou momento
Escolho o que visto
De acordo com o tempo

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Suas flores tão bonitas no jardim
É esperança de que tudo corre bem
E se a água do riacho à nuvem vai
Assim água do céu não tarda e vem

As pedras
Dão contorno a superfície
Quedas
Formando escadas transparentes

Caminho inevitável
Natural da gravidade
Entorno de sua força
Vida plena nasceu

Verdes campos
Lindos vales
Lindas cores
Campos verdes

Quanta diversidade aqui gerou-se
Pelas nascentes límpidas e vivas
Luzes multicoloridas e tão belas
Aquelas quais paixão encantou-se

Deu horizonte sua chegada
Fez-se morada em sua passagem
Foi cobrindo cada pedaço
Alargando no seu leito um lago

Fonte desceu da serra
Alastrou culminante seu curso
Não pediu licença
Embeveceu a cidade

Ao largo originou-se uma vila
Pequena mas de gente humilde
Onde sempre colhiam maças
Vermelhas paixão displicente

Lá vem a bela descendo a montanha
Depois de uma chuva aturdida
Olhando a macieira florida
Cantando feliz da vida

sábado, 11 de outubro de 2008

É o barulho dos carros lá fora
Escuto as buzinas sonoras
O ronco dos motores vibrantes
Todos varando apressados

Graves caminhões vorazes
Estremecendo todo o caminho
Agudas as motos magrelas
Despindo as ruas por um fio

O trem passa aqui perto
E seu trilhar sobre as pedras
Ritmo madeira e ferragem
É muito diferente dos vrums

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Quem é capaz de separar
Ritmo e melodia
Toda via é impossível
Para atingir tal desatino

Quem poderá um dia
Entender tudo que existe
Se é sabido ainda é triste
A mais temerosa alegria

Só podendo estar confuso
Esse mundo em desconcerto
Cada alento e outros passos
Pra continuar a lida

Se esse dia não chegasse
O manteria ainda concerne
Consentindo a esperança
De um dia entendimento

Apenas em um instante
Divina alma pudesse
Tomar forma em meu ser
Se aqui ainda eu estivesse

Essa inseparável marca
De divina humanidade
Vivo puro assim morrendo
Só a contemplar seus olhos

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Condição revelada na precisão estendida ao ato
E no mesmo tempo que se render é se fortalecer
Estar livre é estar preso e perceber não é alivio
E só poderá haver paz se antes houvesse guerra

Reencontrando o caminho já um dia conhecido
Isso aqui é o mar não temos certeza de nada
Ainda sabemos mais não é possível controlá-lo
Muito além do desconhecido está a resposta

É profundo e contemplamos com esperança
Com saudável destemida ousadia acolhedora
Conquistando entendimento nas experiências
Apresentadas ao acaso e tempo como razão

Des’ que o mais e o nada se encontraram presos
De que outro modo então poderiam ser libertados
Capazes de romper fronteiras e exceder limites
Compondo-se completos antes de tudo que existe

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O ciclo da vida no corpo da fonte
Desmaterializa o sentido que os une
Unicamente para reconciliá-lo
Novamente encontrando o destino

Inevitável recuperação da identidade
Mantida sublimemente elevada
Distante da forma mas não separada
Ligação além do inteligível percebido

Legível nas imaginações entregues
Responsável pela compreensão levada
Ornada na espiritualidade encarnada
Manifestada em olhares e gestos

Concentrada na interação dimensional
Transcendendo o que pode ser tocado
Alcançando a pretensão desejada
Desprendida e condensada numa imagem

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Sabia o que disse
E era muito mesmo
Tanto que não parava
Com intuito que as palavras
Entrassem em nossas cabeças

Que as poucas que nos atingissem
O sentido marcado ficasse
Em conceito de vários aspectos
Contextualizado nos diversos assuntos
De coisas das quais sabia

domingo, 5 de outubro de 2008

Andava procurando
Parou pra ler o jornal
Pendurado na banca
Se nada interessante procurasse
Não teria ainda se detido

Decidiu enfim comprá-lo
E o jornaleiro simplório
Sorridente comentava algum fato
Em quando cumprimentava um amigo

O homem que dele o jornal comprara
Agora lia pretensiosas expressões
Com interesse compenetrado
Notícias novidades já sabidas
E outras não, mais curiosas

Com isso outros homens se encantavam
Assistindo a outros homens que liam
Parados na pequena calçada
Onde o mundo acontecia

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Estava alguma coisa acontecendo
Distante no escuro eu nada via
Na rua pouco iluminada
As quatro esquinas encontradas
Um acidente chamado encruzilhada

Movimentos dos vultos passando
Sombras no espaço antes vago
Fato ainda não esclarecido
Preferiu ocultar o momento
Mas não passou despercebido

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Despercebido
Ser ignorado
Passivo do desolhar

Parte da paisagem
Imagem imperceptível
Indistinto no ponto cego do reflexo invertido
Dentro revertido em ilusão de ótica desapercebida

Inexistente em nada
Não-aparente exceção
Indivisível do ambiente
Indestacavelmente indiferenciável

E no mesmo tempo que sou desvisto
Ainda não posso me separar do todo
Eu sou invisível mas não sou insensível

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Uma vez fechados os olhos
O invisível
O invejável
Apura os meus sentidos
Concretizando na água
Sua flexibilidade incrível
Dotada de tantos sabores

Deixo escorrer pelos lábios
Faço inundar o meu ser de felicidade
Mineral mais precioso à tudo de tudo
Sacio-me por poucos instantes

Retorna ela após
E só água me prende
Mas infinita não a água
Saciará por pouco tempo
Resta pois para me preencher
Água

Sei que o que vi
Era límpido e claro
Nítido e evidente

Sei do que vi mais do que claro
Era límpido e evidente
Perfeitamente nítido

Era a Luz de Afrodite
Paz celestial
Feita perfeita por vós
A fêmea sagrada no amor

Flor da primavera e da vida
Iluminai-nos com sua magnitude

A ti cantaremos
Nossos hinos mais belos
Louvaremos tuas glórias
Ó pureza natural

Acreditemos em nossas batalhas
Pois ao nosso lado está Venus

Sua luz não há igual
Vimos aquilo acontecer de novo

São pedaços tão pequenos
Que não damos conta deles
Aos olhos são invisíveis

Ó deuses gregos e romanos
Das forças da natureza e dos sentimentos
Venho vos pedir ainda além de vossa paciência
Colaboração para que eu possa alcançar
Tão sonhada inspiração

Ontem eu vi duas estrelas cadentes
A lua estava crescente
O céu parcialmente
De nuvens fechado estava

Três cambaxirras cantavam na varanda
Um morcego deu seu último sorrateiro vôo
O sol atrevido já raiara
Dissipando a noite
Que satisfeita foi-se embora descontraída
A lua se esgueirava inconformada
Mas a manhã já se seguia disparada
Daqui e de lá saíam mais e mais pessoas sujeitas à tudo
Indivíduos individualmente inconformados
Para todos os lados

Daquele amor delicado
Nascido num sorriso
A moldura de lábios
Enfeitados como estavam
Não poderiam despertar outra coisa
Assim começara o

Quando a flor está prestes a eclodir
Despertar a um novo universo
De cor partindo de dentro
Do seu invólucro natural
Nascem crescem se reproduzem e morrem
Assim são as plantas
O mais básico a saber delas
Sentem tudo a sua volta
Encantadas pela luz
Água é tudo que precisam
Estando em solo fértil
Sementes dão bons frutos

O barco sulcava o rio
As ondas balanceavam
O remo ia lento escorria
A água se fazia firme
Apesar das incessantes investidas
Que faziam o remo na água

Dia sim dia sim
Não olho no calendário
Mas toda hora olho o relógio
E o dia não passa
Não tenho pressa agora
Deito-me no sofá relaxo
Vou pro quarto não quero dormir
Espero confio
Desafio só um fio de esperança que me dê corda
Esperando que dê a hora
Subo correndo as escadas
Prefiro não usar o elevador
Cheguei de ônibus bem rápido
Acho que estou me sentindo mal
Me parece muito estranho
Isso assim repentino

Quando cuida de você experimenta
Novas situações diversas
Cresce
Trona pleno
Justifica a existência
Ciência da vida é usar a cabeça
Uma vez que seja
Para que seja única
Porém forte
A existência plena da vida
Diversificadas experiências crescentes
Justificativas suas por cuidar
Daquilo que te faz bem

Do dia, a luz brilha
Todas as manhãs

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Cantei hoje cedo
E nem mesmo era dia
Aos cervos do monte
Às nascentes dos rios

Cantaram de volta
O vento e as rosas
As saias o fraque
O vinho e as uvas

Sabiam de tudo
E cantaram comigo
Solfejando esses versos
Dando-me abrigo

domingo, 28 de setembro de 2008

Dentro da máquina andante
Parado no tráfego de vias
Que entupidas pedem socorro

Está cheio e cada espaço é disputado
As janelas fechadas e a chuva lá fora
Ninguém quer ficar na rua todos querem ir pra casa

Recompensa animadora renovando o percurso
Impreciso dizer o que cada um espera
As gotas escorrem lavando as janelas

Nas pistas despistam com os carros
Os para - todos lotados de gente
Depois de um dia de trabalho suado

Correm e param pedindo caminho
Seu lar ponto final onde possam recolher-se
Lavar seu corpo de um dia acabado

sábado, 27 de setembro de 2008

Cheguei de mansinho
Dava pra escutar sua respiração
Não entendo porque venho aqui
Se não tenho a cor de seus olhos

E a cada olhar desviado
Mais a quero por perto
Ó mia senhor’ velida
Peço-te um carinho delicado

Realização de um desejo
Deitado em seus cabelos perfumados
Aumentado o desprezo
Morro em seus braços

Formosa em suas prendas
Dedicada a seus amores
Concentrada em seus deveres
Poderosa em seus louvores

Voz suave que me toca
Seu nome não ouso dizer
Velar-te por cortesia
É o que posso fazer

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Eu vi e posso dizer
A garça suja
Com os pés na lama

Do esgoto retirava com o bico turvo
Da água, que de pouco água tinha
Algum material orgânico infecto

Podia a cidade nutrir melhor a sua natureza

Ela deu mais um passo em direção ao limo
Ao lodo do poço de lixo
E meteu mais uma vez o bico na água

Os seus pés, já nas canelas, enfiados
Sem o menor nojo
E a sua sobrevivência dependia disso

Há várias delas que voam felizes pelos valões
Corrompidas pela marginalidade dos rios
Afinal o que fazem aqui

Não podem ir pra outro lugar

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

É um ano perdido
Um dia longe de você
Os acontecimentos de uma vida
Por não saber o que poderia ter sido

Leio os caminhos
Onde eu preciso estar
As curvas onde eu me encontro
Posições perfeitas que eu reconheço

Os meus olhares
Atravessam sua estrutura
Compreendendo as fissuras
Permitindo a entrada em sua história

Todos os cantos
E ecos do seu espírito
Cada passo dado dentro dela
Toda emoção que já viveu e viverá

Como desperdiçar
Um minuto em ausência
Da explicação do desconhecido
E perder essa demonstração do amor

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O costume atrevido
Da pele almejada que arrepia vulcânica
Arrebenta o controle

E os pelos delicados
Dispersos ouriçados
Tremendo

Revelam suspiros doces
Descompassados e febris
De tremenda urgência

Saltitante e frenética
No peito de um cavalo livre
Fugindo do deserto

E o vento cortante
Dilacera em desejo
O frio inverso

Travado
Tomando conta de todo lugar
Se espalhando sem pudor sem limites

Destemido
Concentrado
Cometido

Acariciando
Um pedido
De toque

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Variam várias variações variadas
Derivadas das derivações encantadas
Dos devaneios do pensamento

Distrações das trações repetidas
Nos complementos
Prefixos infixos sufixos
Complexos repletos de entendimento

Reparo
Reflito
Preparo
Completo

Um acento
Um detalhe
Apago e começo de novo

domingo, 21 de setembro de 2008

De que se valem
A beleza e o amor à mim
Se deles pouco
E quase nunca desfruto

Pois é na esperança e no receio
Que é morada da conquista
Desconhecido limiar do desfecho concreto
Que mede o destino no fio da vida

Incrível prazer
Despercebido em sua essência
Recolhido em todo e qualquer
Simples dia do ser na terra

Singelo e carente
Do feito da mente
Realizado e presente
Lembrado e vivido

Bem perto de dentro
De tudo que é possível imaginar
Onde a realização é verdade sentida por fora

E o limite entre o irreal
Diminui a distância
De ser compreendido

sábado, 20 de setembro de 2008

Adormeci dominado pelo sonho
Sonhei que voava sem rumo
E meu rastro entre as nuvens

Deslizei subindo vagarosamente
Vagando displicente entre os mundos
Montando a cidade em pedaços

Vi os detalhes das telhas nos telhados
E as antenas balançando no tempo
Na velocidade ia deixando os lamentos

No rosto as rajadas de vento
Atenuando o calor do corpo inteiro
E o desconcerto do mundo acontecendo

Disfarço mas meus olhos não mentem
E o lirismo das lágrimas descendo
Quando enfim consigo acordar

Suado e sofrido tremendo na cama
O alívio branco disciplinou o delírio
E deitado mantive os meus olhos fechados

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Havia um homem
Solitário no ponto
Parado aguardando
O ônibus ansioso

Na chuva esperava
Calado e sozinho
Sonhando com a vida
E com os mimos de casa

Sem casaco observava
As nuvens obscurecidas
Cinzas da água
Gelada lá em cima

Caindo sem pena
Sobre os seus ombros
Não sei
Há quanto tempo esteve ali

Talvez pouco
E à chuva forte
Já não mais se importava
Em enxugar o rosto

A água do alto
Lavava o seu corpo
Todo ensopado
Já nem se mexia

De braços cruzados
Carente repetia para si
Nada me atingi
Não é hora de desistir

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sede água deseja
A boca a carne o sangue
O luxo da vida na fonte
Nascente refresca e lava

Fluxo doce límpido
A riqueza mais preciosa
De você tudo preciso
Não existe viver sem ti

Se eu pudesse não sofrer
Por sua falta água
Divindade magnânima
Sublime é te possuir

Apazigua o calor
Apaga o fogo
Abranda o desejo
Mata a sede

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Grafe a sua percepção
Com desenhos em grafite ou tinta
Os estará materializando

Transformar os sons em desenhos
Imagens visuais em
Imaginações sonoras

E depois revertê-las
Re-ver-tê-las
Rever tê-las retê-las

Cada pedaço cada sentença
Cada mudança
Toda relevância

O som não é matéria e
Toda vibração percebida
Desencadeia uma sensação

Toda palavra mal dita
Só ganha essa força
Com a expressão

Tudo é dotado de significado
Sempre há começo meio
Final

Sons que significam
Signos que ficam
Palavras que mudam de forma

Sentidos que dão à estação
Sinais que diferem sentidos
Visando a compreensão